domingo, 9 de outubro de 2011

As vezes a dor é feita para não se perceber. Para entrar sorrateiramente pelos vincos unidos na blusa. Essa coisa estranha, essa sensação aguda no peito, esse aperto que mata. Feita para chegar calmamente e se apossar dos dispostos e indispostos a ela, sem que se tenha o poder de decisão.
A dor que chega numa música lenta, num teatro sem falas, ou do silêncio do caos. Essa pontada-sem-nome-nem-lugar-nem-razão. É uma espécie de sensação que se sente com o mundo, não tem motivo real, não é a angustia da existência, não é premeditada também. É só uma tristeza digna de dias chuvosos. Sem dono, sem-razões. Feita de qualquer produto não industrializado, urbanizado, enlatado, comercializado, capitalizado, desfrutado ou amado. Feita talvez das nuvens responsáveis pela chuva clara e cortante. Feita pelo mundo onde habita frustrada, como tristeza deve ser.

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