quinta-feira, 15 de julho de 2010

The real life

Talvez a única certeza que temos é a morte. Nada sobre sua hora ou data. Apenas temos a certeza de que em um determinado momento o inevitável acontecerá. Na velhice, na plenitude ou mesmo antes do início da vida fora de um útero. Diante deste fato, se olharmos nossas verdades obscuras, nossas mentiras hediondas, nossos segredos comprometedores, ou mesmo nossos pequenos e grandes dramas, poderemos ver a complexa verdade de que tudo, tudo isso é pequeno, comparado a nosso destino final. A carne, os ossos, o sangue, toda a matéria se deteriorará, até o momento em que se transforme em microscópicas partículas formadoras de outras matérias, para se tornar parte do vento, ou mesmo da terra. Porém a consciência, a forma onde habitam nossas memórias, sentimentos, emoções vividas ao longo do tempo, a consciência, formadora do caráter pessoal e mesmo das opiniões, onde nossa história se encontra registrada, o que acontece a consciência? Segundo muitas religiões o chamado "espírito" após a morte material, continua. Se encaminha para o paraíso, céu, inferno, plano superior, umbral, etc, etc, etc, ou mesmo continua habitando a Terra, existem vários nomes para o destino final. Livre escolha. Portanto a consciência continua, de acordo com suas ações enquanto vivo. Porém a ciência dos homens, nada tem a declarar sobre a consciência, ela simplesmente deve acabar como começou, as lembranças, as emoções, os sentimentos, todos padecem junto com o corpo o qual habitam. Porém, a verdade sobre o que acontece após a deterioração da matéria formada por carne, ossos, sangue, etc, apenas aa consciências que padecem podem entender. Verdade essa que nunca poderá ser compartilhada. Verdade que como todas as outras verdades existentes, e fato. Porém a única verdade absoluta e incontestável é a certeza do termino. Certeza que pode nos fazer ver a beleza onde não víamos, a futilidade das rotinas, a compreensão sobre os outros. As vezes muito tarde para remediar. Para a maioria das pessoas o momento que antecede a morte é um momento de reflexão e tristeza, despedida, e realização de todos os desejos possíveis, que não foram concretizados. Pessoalmente, encaro a morte de uma forma diferente. Assim como a morte é celebrada para algumas culturas como a nipônica, pois o espírito, alma consciência, ou seja lá o que for que nos faz ser mais do que um bolo de massa muscular, ossos e toda aquela coisa que já falei anteriormente, nos permitindo ser um ser pensante, carregado de possíveis acontecimentos e oportunidades, essa consciência se encaminha para um descanso do qual ninguém pode saber exatamente o que é. Pessoalmente acredito que a morte, seja em qual momento for é necessária. Não é um momento feliz, porém é necessária. Quando os sinais vitais do corpo já não existem, creio que o que o que nos resta é arcar com as conseqüências de nossos atos enquanto vivos, pois o que vale querer "aproveitar o tempo que resta" enquanto em todo o tempo que nos foi fornecido enquanto podíamos respirar, nós passamos em cima de nossos desejos, massacramos nossos sonhos, nos privamos das palavras que nos eram necessárias e resolvemos adiar, esquecer, deixar pra depois, coisas que precisariam ser resolvidas anteriormente. Viver sem medo de se frustrar ou se machucar, viver sem se privar de ser feliz também. Isto, e apenas isto, é real. As paranóias, todas as verdades falsas, tudo que estava errado, precisa ser concertado. Adiar, não é o melhor remédio. Precaver nem sempre é a melhor saída.

Pois remediar é uma parte do processo, mesmo muitas vezes acontecendo tarde. E o bom senso, é a outra.