domingo, 20 de janeiro de 2013

Pela grande janela de vidro entra a luz crepuscular. O sono persiste como pano de fundo para os acontecimentos internos. Como se tivesse 93 anos e tomasse consciência de que a morte se apoderava das carnes que habitava, uma singela e solitária lágrima escorreu pelo canto direito do rosto, diretamente para o travesseiro. Uma lágrima nostálgica pelo que se perdia.
Aquilo também era um tipo de morte. Um tipo de morte muito severa, muito passiva. Um tipo de morte a que não se pode sentir ódio, pois é feita parte vital de um ciclo humano. Um tipo de morte fruto de um descuido casual, cujos resultados não podem ser escolhidos ou negados.  Entende-la? Não, não se entende, mas se aceita, com condição passiva e resignada o que acontece nas entranhas de um corpo despreparado para vida e para a criação da mesma.