segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Acho que eu só ando precisando um pouco de mar, areia e noite na praia.

19:19

Não era o vento frio que arrepiava os pelos do braço. O vento, como elemento natural, era só um artifício barato pra se desculpar pela luz trêmula que emanava do corpo.
Era o grito agonizante que ecoava nas notas musicais. Era grito pedinte, suplicante. Quente, rouco. Era o grito medonho e tosco. Fosco de todo. O grito era o provocador, o arrepiador. Cordas vibrantes elucidadas, hilariantes. Descompromissadas com a eternidade. As cordas vibravam sons indistinguíveis e complexos ao mesmo tempo. Vivas.
Ou eram mortas? Ah, é coisa que ninguém pode saber.
É uma linha tênue a que separa a vida da morte e ela é quase imperseptível de todo. Só se distingue os vivos dos mortos nos exames de autópsia. E nem assim. A morte interna é estranha ao ser que a sofre e se inicía muito antes da morte física. É um processo de intermináveis anos saudosos e solítários. Solitários, pois todo ser é um individual, sozinho. Isolado em suas particularidades ávidas de exclusão.
Assim como todo grito excluso de razão. Gritos que vêm do estômago, das entranhas e das ausências dos passeios de verão.