segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dear Moon

Das tantas formas da Lua, já ouvi falar que quem vê a forma de um coelho na mesma é um apaixonado. Nunca o consegui ver. Ou talvez não tenha prestado bastante atenção. Ou mesmo não tenha me esforçado o suficiente para enxergá-lo. O fato presente e que mesmo sendo eu, incapaz de enxergar o bendito coelho, a bela Lua se faz presente o tempo todo. E enquanto o véu negro da noite cai sobre a Terra, enxergo as pretensões luminosas que vejo na face lunar. Em todos os quartos, crescente, cheia, minguante, nova, presente ela está, compadecendo-se dos pobres e tolos mortais terrenos, presenteando-os com seus lindos raios. Os mais credores, afirmam que este astro celeste contem poderes mágicos. Quem irá saber? Porém o fato é que o satélite natural terrestre, denominado apenas por LUA, consegue se mostrar deliberadamente numa face completa da Terra durante um conjunto de horas. A mesma Lua. Banhando diversas línguas, diversas culturas, diferentes pessoas. Unindo numa mesma noite, amigos e inimigos, amantes, magoas e pretensões, diferentes sentimentos banhados pelo mesmo astro celeste. É reconfortante, saber que todas as noites ela estará lá. Disposta a nosso favor, inalterada, independente da nossa vontade. Pois não é a Lua que diminui seu tamanho, e sim a Terra girando, combinada com o sol, que possibilita a ilusão aos humanos deste movimento lunar. Mesmo com nossas angustias ou alegrias, alheia a nossa vontade, ela permanece grandiosa e bela. E cada vez ao olhar para ela, tenho a certeza de que tudo ficará bem, que tudo, assim como ela irá mudar, até sumir, e recomeçar de novo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Plano Piloto




"Era só um rabisco no ermo que atordoa os poetas
Um sopro ponteando o nada
ao mais concreto do lugar nenhum.
Um verso solto que de tão plano,
devia só ter a altura de um horizonte embaçado.
Desses que só os olhos desertos de utopia
são capazes de umedecer."

- Marcus Vinícius Carvalho Garcia




Como já dizia o poeta Drummond “Era um rabisco e pulsava". A bela definição para a cidade central. Brasil, plenos os três poderes, a definição de uma nação encontra se aqui. Brasília. Depois de precisamente uma hora e quarenta e três minutos na grande aeronave, Brasília. Mais do que um ponto turístico, mais do que a capital da pátria. Uma utopia real. Um sonho planejado em detalhes, a obra do mestre realizada. Em meio ao céu belo, entre as belas arquiteturas, nas quadras e praças. Terra de tempo bom. É vista a clara diferença entre ouvir sobre e ver. Em qualquer lugar na terna infância brasileira , nos é ensinado sobre a capital, os nomes de seus parlamentos onde é definido boa parte de nossos destinos.
OUVIR sobre Brasília, ver apenas as fotografias vazias e de repente, VER Brasília, sentir a cidade em si mesmo, respirar o ar ameno. O coração pulsa mais fortemente, rumo ao infinito da noite na capital brasileira. A utopia ofertada aos olhos do poeta, aos olhos de quem aqui pisa. Aos olhos da grande cidade, em formato da perfeita aeronave que pousa nos corações dos homens e oferece seu intenso brilho febril. É um desenho vivo, era um rabisco e pulsava.

domingo, 18 de julho de 2010

Mais uma razão





As pernas tremem, desabando em abismo. As mãos se gelam, desfiguradas pela tensão. O coração retumba no peito amante. O músculo pulsante envia o sangue necessário, para o ser que insiste em não respirar. Então, é como se tudo girasse em câmera lenta. Apenas o som, da voz do amado é o suficiente para inebriar de completo, mesmo o não correspondido. Sonhos desperdiçados na trajetória, juras nunca ditas, promessas nunca feitas. Amores que morrem no próprio peito de seus donos. Por que nada poderia ser tão simples, e seguiríamos apenas sem sofrer? Por que insistir em amar o impossível? Porque simplesmente não nos é dado o controle de tudo, apenas por que o músculo pulsante, não é apenas um músculo, é a porta para um mundo de destrezas imensuraveis, ao mesmo tempo, de escolhas que não cabem a razão.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

The real life

Talvez a única certeza que temos é a morte. Nada sobre sua hora ou data. Apenas temos a certeza de que em um determinado momento o inevitável acontecerá. Na velhice, na plenitude ou mesmo antes do início da vida fora de um útero. Diante deste fato, se olharmos nossas verdades obscuras, nossas mentiras hediondas, nossos segredos comprometedores, ou mesmo nossos pequenos e grandes dramas, poderemos ver a complexa verdade de que tudo, tudo isso é pequeno, comparado a nosso destino final. A carne, os ossos, o sangue, toda a matéria se deteriorará, até o momento em que se transforme em microscópicas partículas formadoras de outras matérias, para se tornar parte do vento, ou mesmo da terra. Porém a consciência, a forma onde habitam nossas memórias, sentimentos, emoções vividas ao longo do tempo, a consciência, formadora do caráter pessoal e mesmo das opiniões, onde nossa história se encontra registrada, o que acontece a consciência? Segundo muitas religiões o chamado "espírito" após a morte material, continua. Se encaminha para o paraíso, céu, inferno, plano superior, umbral, etc, etc, etc, ou mesmo continua habitando a Terra, existem vários nomes para o destino final. Livre escolha. Portanto a consciência continua, de acordo com suas ações enquanto vivo. Porém a ciência dos homens, nada tem a declarar sobre a consciência, ela simplesmente deve acabar como começou, as lembranças, as emoções, os sentimentos, todos padecem junto com o corpo o qual habitam. Porém, a verdade sobre o que acontece após a deterioração da matéria formada por carne, ossos, sangue, etc, apenas aa consciências que padecem podem entender. Verdade essa que nunca poderá ser compartilhada. Verdade que como todas as outras verdades existentes, e fato. Porém a única verdade absoluta e incontestável é a certeza do termino. Certeza que pode nos fazer ver a beleza onde não víamos, a futilidade das rotinas, a compreensão sobre os outros. As vezes muito tarde para remediar. Para a maioria das pessoas o momento que antecede a morte é um momento de reflexão e tristeza, despedida, e realização de todos os desejos possíveis, que não foram concretizados. Pessoalmente, encaro a morte de uma forma diferente. Assim como a morte é celebrada para algumas culturas como a nipônica, pois o espírito, alma consciência, ou seja lá o que for que nos faz ser mais do que um bolo de massa muscular, ossos e toda aquela coisa que já falei anteriormente, nos permitindo ser um ser pensante, carregado de possíveis acontecimentos e oportunidades, essa consciência se encaminha para um descanso do qual ninguém pode saber exatamente o que é. Pessoalmente acredito que a morte, seja em qual momento for é necessária. Não é um momento feliz, porém é necessária. Quando os sinais vitais do corpo já não existem, creio que o que o que nos resta é arcar com as conseqüências de nossos atos enquanto vivos, pois o que vale querer "aproveitar o tempo que resta" enquanto em todo o tempo que nos foi fornecido enquanto podíamos respirar, nós passamos em cima de nossos desejos, massacramos nossos sonhos, nos privamos das palavras que nos eram necessárias e resolvemos adiar, esquecer, deixar pra depois, coisas que precisariam ser resolvidas anteriormente. Viver sem medo de se frustrar ou se machucar, viver sem se privar de ser feliz também. Isto, e apenas isto, é real. As paranóias, todas as verdades falsas, tudo que estava errado, precisa ser concertado. Adiar, não é o melhor remédio. Precaver nem sempre é a melhor saída.

Pois remediar é uma parte do processo, mesmo muitas vezes acontecendo tarde. E o bom senso, é a outra.