segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

"Aparecida - O Milagre" - Crítica

Tenho que compartilhar o quão decepcionada estou com o cinema brasileiro atual.
Não sei se é a minha escolha para filmes ruins ou se os filmes estão ruins mesmo.
Dou início então, a minha primeira crítica cinematografica.

Aparecida - O Milagre narra a vida de Marcos, um menino nascido na cidade de Aparecida, envolto numa atmosfera de fé e devoção do pai (Rodrigo Veronese) e da mãe (Bete Mendes).
Após a morte trágica e bastante previsível do pai num acidente na construção da basílica de Nossa Senhora Aparecida, Marcos se revolta contra a Santa por acreditar que a causa da morte de seu pai se deve a ela.
Apelativo e com toques elevados de fanatismo, o filme não provoca comoção alguma, a não ser a indignação alheia.
O menino Marcos cresce com o cliché "35 anos depois.." - que ridiculariza ainda mais um filme sem qualidades artísticas - e se torna um grande empresário frio com problemas com o único filho Lucas (Jonatas Faro) que no passado se envolveu com drogas.
A trama de Tizuka Yamasaki possui diálogos simplórios e atuações pouco esforçadas.
O termo religioso é abordado em toda a narrativa e se intensifica quando Lucas sofre um acidente de moto depois de uma discussão digna de novelas mexicanas com o pai.
Como já era esperado Marcos recusa de imediato o apelo à Nossa Senhora e descobre após um conversa com a mãe a salvação de seu filho na fé à mesma. Numa espécie de transe Marcos pode ver ao vivo e à cores a narração que seu pai lhe fez sobre a história da aparição da primeira imagem de Nossa Senhora, como se estivesse em 1717, fato de que é contado mais de uma vez durante o filme. Isso lhe faz perceber que a santa salvará milagrosamente seu filho que se encontra em coma.
E seguindo os padrões do final feliz, Lucas acorda do coma enquanto uma enfermeira histérica sai gritando do quarto onde ele está "É um milagre" várias e várias vezes desnecessariamente.
Então a família feliz cristã se une novamente: Marcos e Sonia (Leona Cavalli), sua ex-mulher e amiga de infância, voltam a ficar juntos enquanto Beatriz (Maria Fernanda Cândido) secretária de Marcos e apaixonada pelo mesmo, sai alegre de cena como uma intrusa.
O sotaque interiorano é confuso e forçado, o cabelo de Beatriz parece mudar a cada cena e no final das contas a trama não revela fatos mais importantes sobre Aparecida.
Atores de novela, diálogos de novela, fotografía de novela, direção de novela, enfim, é uma novela disfarçada.
Seguindo a linha de filmes sobre religião como Chico Xavier, Nosso Lar e Irmãos de Fé, o filme não surpreende e não explora nenhuma novidade no quesito da fé religiosa.
100 minutos de filme relativamente tedioso, agrada somente o meio cristão. Digo isso sem a intenção de insultar nenhum tipo de fé, mas a linguagem cinematográfica mais profunda, não é abordada de fato.
As imagens da Basílica de Aparecida são o maior e único trunfo do filme.
Porém podemos contar com uma bilheteria razoável se metade do número de fiéis da padroeira estiverem prestigiando Aparecida - O Milagre nos cinemas.