quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Minha forma disforme parece não se encaixar em lugar nenhum.

Necessita-se de conhecimentos astronômicos: vagas abertas

Existe um milhão de coisas entre mim e Vênus. Um bilhão de asteróides, cometas, nebulosas, órbitas, gases. Existe tanto.
E pensar que o ponto vsível de forma luminosa é um planeta inteiro. E que se um planeta inteiro pode ser também apenas um ponto no espaço, eu não sou nada.
Eu sou nada para Vênus, nem um mísero ponto visível. E absolutamente, deve haver mais de um bilhão de coisas entre mim e Vênus que eu não consigo ver, tocar, sentir, ou ao menos saber da existência. Tantos fragmentos invisíveis aos meus olhos nus existencialistas, que nem ao menos é possível fazer uma estimativa de quanto são. Tantos outros corpos materiais e não materiais que não fazem ideia da minha presença no mundo. Nem por pesquisas do IBGE. E depois de Vênus há tanto mais. Há Calisto, a Lua linda de Júpiter. Nem sei porque gosto tanto de Calisto. Talvez seja só pela sua beleza inalcançável de satélite natural.
Queria poder ver além de minha baixa atmosfera, presenciar a morte de uma estrela ou sentir a existência real do vazio. Do espaço. Da ausência de corpos com massa suficiente para atrair outros. De campos gravitacionais. Na verdade não faço ideia do que há entre mim e o próximo bairro, quanto mais entre mim e Vênus.
Não espero então que Vênus me reconheça, da forma como o reconheço. Nem que exista da forma como acho que exite. Apenas que não seja só luz.
Não existe fuga da existência, do corpo. Por muito tempo achei que a casca fosse apenas isso, descartável, desnecessária, casca. No entanto ela é fundamental. Não sei o destino nem o fim. Nem sei se essa coisa de destino existe. Sei que o fogo é um brasão do corpo e que a mente não permeia a alma. São distintas e complementares.
"Se é mesmo a vida quem desata os nós (e o medo dela não nos deixa entender)" - Medulla