quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cavaleiro Errante

Cavaleiro errante, por entre as ideias permeando

Vai passando, desfazendo, agrupando.

Cavaleiro sem cavalo ou cela

Errante sem donzela bela.

Em natura vai brilhando,

Entre os bosques de lamúria retumbando.

Vai buscando no presente o futuro adiantado

Errante cavaleiro iluminado.

Vai tecendo entre as teias seus enlaços,

Caminhando com palavras, pés descalços.

Transportando seu saber de outros mundos

Em dois olhos de magia, poços fundos.



15 de abril de 2011

Para Pedro Semente.
Já eras minha antes de ser tua. Mas fui, sem pressa. E antes de te perceber, estavas tomada.
Ironia minha que flui de meus lábios como perfume.
Perfume ácido, sarcástico, perfume insípido, incolor.
De velhos tempos recriada, transmutada.
De noites alvas turvas. Lembranças de memórias repetidas. Trechos perdidos no escuro.
Fins de céu, de estrelas.
Não chega discreta. Não mostra secreta, nem andas ereta.

Estavas lá como um presente, a quem não se dá: se estende.
Sinuosa ironia doce.
Como água amarga, fel. Pautada de sorrisos singularizados.
De formas indomadas, sem gosto, sem sal.
E não és nem chave nem fechadura. Nem cadeado nem portão.
És ponte, passagem, atalho, desvio. És pretexto, escapatória, escapulário.
Parte que se excede sem demora, sem vista. Pretensiosa, presente. Invariavelmente descrente. Transitória de estado. Uma epopéia sem Hulisses, sem Vasco da gama. Só em essência.
E não és nada, só as falas amargas de um tempo sem beneficiários. És produto e criação. És tu e ponto.
Fim.
Já não eras mais nada.