sábado, 30 de outubro de 2010

Antes que tudo acabe

Amanhã, dia 31 de outubro de 2010, domingo, as eleições se encerram e percebi que ainda não tinha falado nada sobre esse assunto aqui.
Antes que acabe e o assunto seja outro, vi três vídeos dos estudantes da UnB, Universidade de Brasília) no blog do Luis Nassif, que expressam muito bem minha opnião a respeito.

O pessoal de Brasília garante uma diversão, pelo menos mostra um boa realidade, falando sobre os bons motivos que eles tem pra votar no Serra, haha.

Seguem aqui os vídeos, que mostram o por que eu (não)voto no Serra.

P.S: começem pelo último.



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A suprema felicidade










Eu nunca gostei daqueles textinhos tipo auto-ajuda, como aqueles de corrente de e-mail, ou do tipo "sonhe, cante, viva, seja feliz e acima de tudo você mesma". Pra falar a verdade, acho meio bobo e um pouco piegas, quem na vida pode ser assim o tempo todo? Nada contra quem acha isso legal, mas parece um regra, ser feliz sempre, o que na prática, não funciona assim. Tem dias de cansaço e tristeza que nos pegam desprevenidos e aí, não há corrente de e-mail que salve.
Prefiro mais a política do "não se afunde". Acho que a felicidade é linda, é algo incomparável e maravilhoso, não existe nada como ser feliz. Mas é ridículo pensar que nunca vamos sofrer. Faz parte. Na verdade, é a maior parte. Chorar, sofrer em, silêncio ou em escândalos, é bom. Muito saldável, realmente. Inclusive, desconfie de pessoas felizes o tempo todo. Pra mim, elas são robôs alienígenas. Tudo bem, isso não faz sentido algum, mas que seja.
Como diz aquele ditado de mãe, chorar lava a alma. Porém é aí que entra a política do "não se afunde". Não precisamos ser felizes o tempo todo, mas uma vida de melodramas também não é concebível. Se recuperar, se reerguer, é mais saldável ainda. O importante é lutar. Se funcionar ou não, aí já são outros quinhentos. Mas lutar de verdade, com perseverança, com fé, desse modo duvido que alguém não se reerga.

Agora levante a mão quem nunca sentiu essa tristeza que chega e se apodera da gente? Li um texto uma vez da Liliane Prata, uma escritora que eu particularmente gosto, sobre essa tristeza que nos consome de vez em quando. Pelo menos pra mim uma coisa que ajuda a passar a tristeza é cinema. Tristeza gosta de filme e música, ou um bom livro. E Beatles, minha tristeza adora Beatles.

Acho que cada tristeza tem seu gosto, mas não custa tentar, pois quando a minha tristeza gosta de um filme ela fica contente e vai embora. Então, quem fica feliz sou eu.

Vi o título de um desses faz algum tempo, chamado "A suprema felicidade" e resolvi falar da tal então. Tenho a impressão que minha tristeza vai gostar desse, ela é cinéfila, pelo que se parece.

Sem querer dar uma de criadora de corrente de e-mail, que cada um faça o que goste, e que seja feliz também! Todos nós merecemos experimentar o doce sabor da felicidade.

E antes que meu texto se transforme em um piegas de auto-ajuda e eu fale a bendita frase do "cante, dance, pule e sei lá o que mais", deixo a felicidade e a tristeza de cada um em paz, e vou me embora.

We should be fun. It's all right !













quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pequeno conto












Eram três da manhã. O vento frio soprava na janela, mas esse não era o fator determinante para ela.
Toda a confusão de pensamentos tão intensa, a atordoava, permeando por entre os poros de sua alma.
Era tão incerto o tempo exato. Porém nada o que houvesse mudaria suas decisões. Não agora.
Atendia pelo nome de Luiza, contava dezesseis anos. Mais madura do que deveria ser, entretanto, compreendia as coisas mais sublimes da vida.
Era moça de família simples de classe média, ela sabia disso. Porém tal Luiza lutava pelos ideais tão seus. Era sonhadora, ela também sabia disso, mas acreditava que eram possíveis, os sonhos que tinha.
Se encontrava incompreendida e no louvor de sua mocidade era ainda chamada de tola.
"Tu não sabes nada Luiza, não sabe das coisas da vida, tu é menina" disse-lhe a mãe, quando uma vez ocorreu de contar-lhe suas ideias tão bonitas.
Mas era sozinha, assim se sentia no mundo.
Tão só como sempre fora.
Mas se engava a mãe, quanto a suposta "menina". Era muito mais mulher, que a mulher que lhe havia concedido a vida. Era moça sim, mas só de corpo. A alma ainda sofria das angústias da juventude, mas era ponderada. Era forte, mas não o bastante. Toda vez que tentava mostrar ser melhor, era abafada, tampada, comprimida.
Era filha de Atenas, uma guerreira. Mas era suprimida pelos outros e por si mesma.
Não era bonita, mas também não era feia. Era charmosa no todo, muito charmosa.
Era isso que chamava atenção nela, com sua postura de guerreira. Encantamento total.
Mas como alma velha, estava cansada dos suplícios, das angústias, dos amores, da incompreensão.
Era faminta por mudança, e pelo saber. Isso era muito.
A ideia do novo a inebriava, era o sonho buscado eternamente, sem fim.
Fantasiava no seu próprio mundo, o novo, eternamente.
Queria fugir, ir para qualquer outro lugar. Onde fosse entendida e aceita, e acima de tudo, não fosse criança.
Seria infinito o desejo, se ela não metesse na cabeça realizá-lo.
E foi naquela madrugada fatídica, onde a janela do quarto estava aberta, e deixava o ar frio da noite entrar e gelar suas faces.
Sentia pena de deixar para trás tudo aquilo, amava tanto aqueles que a reduziam a nada. Viu que ia sentir falta das conversas acompanhadas de café, às onze da noite com a mãe, e do cheiro característico da bebida.
Do abraço caloroso do pai, que a acalmava quando criança, e mesmo depois.
Era feliz.
Mas ia embora. Estava decidido.
Não aguentava mais esperar. Precisava daquilo e precisava agora! Admitia que fugia, mas para ser outra de novo e de novo, quantas vezes fosse preciso. Até se encontrar. Ai pararia. E envelheceria.
Até morrer.
Ou morreria até envelhecer. Aos poucos, calmamente, até que fosse suprimida novamente, mas dessa vez, ao pó. Lembrou que tinha horror de pensar em morrer sozinha. E onde estava ela não seria sozinha nunca.
Mas ia embora, ela precisava disso. Já estava feito.
Era só a janela que a impedia. A escada encostada no batente, era só descer.
Deixou tudo como estava. Levaria pouca coisa. O caderno de anotações, um casaco de frio, e algumas notas para a passagem de trem e para comida. Não queria fotos mas levou uma, que preferiu não mostrar nunca a ninguém, por tanto, não é da minha parte dizer o assunto do retrato.
Ia ser a mulher que sempre mostrou ser.
Iria juntar um dinheiro e comprar uma casa. Ou ir viajando pelo mundo até dizer chega.
Mas já estava amanhecendo, tinha que ser depressa.
Precisava ir. Logo alguém acordaria. Ela precisava ir embora, ela queria tanto fugir.
Luiza era jovem, tinha a vida pela frente, não podia ser presa assim.
Ela tinha que ir embora!


Então surgiu o primeiro raio de luz. E ela viu.
O maldito sol nascia mais uma vez.
O pai acordava enquanto a mãe dormia ainda mais um pouco. Era vivo o monótono domingo.
E a angústia de outrora dava lugar ao desgosto e o contentamento. E a mágoa por não ter pulado naquele instante.
Não fora.
Decidiu ficar. E viver uma vida conformada.
E sonhar de novo, com um futuro que nunca iria ser seu, o qual começava quando ela pulava a janela.