segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

PROGRAMA DE ADESTRAMENTO DE HUMANOS - DIA 1

Teus cortes no punho moreno
Vão ferindo a alma que me cerca.
Esse barco sem vela,
A deriva, a tormenta.
Sem rumo ou sentido.
Eu via, no canto escuro
Da iris colorida,
A pele vermelha,
A pouca casca que te cobria,
Desmanchar-se nas facadas
Regadas pela mão direita.
Teu sangue, era no fundo meu
E tua sutura era minha pele.
Minhas eram as veias profanadas,
Enquanto escorria a vida pelas tuas.
No entanto também fui
A faca cega,
A lâmina enferrujada,
Que lhe tirou a face do mundo.
Enquanto, tranquilamente dormia.
A mornitude das segundas-feiras me assusta. Existe um peso enorme em ficar em cima do muro.
É como uma angústia infinita que a gente acostuma a ter no peito. Como uma ferida na língua. Incomoda como nada no mundo, mas não é possível arrancar ou colocar um curativo. Nasceu para ser exposta e intimidadora. Para machucar e, fazer mudar algo. Me sinto coberta em vermelho. De repente.
E na inundação momentânea da cor, não quero sair. Quero me afogar, enquanto me dissolvo dentro do veludo. De repente. Me tornei o que me cobria.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Caros senhores leitores.
Informamos que no momento a diretoria e coordenadoria deste blog se encontram em um processo de crise existencial fajuta.
Devido a tal, e a problemas técnicos, as datas das próximas postagens poderão sofrer alterações de carácter colossal. Ou não.

Agradeçemos pela atenção (ou não).

Que seja.

I.F.A.B

domingo, 22 de janeiro de 2012

E eu tenho um desejo
Incontrolável de ser alguém
Qualquer coisa além
Do incomodo sutíl

Quero ser um turbilhão
E uma calma boa
Uma calma aleatória
Uma paz de ventilador

E ser mesmo uma imensidão
De bobeira
Uma energia elétrica
Um porta aberta

Quero ser um lençol
fino
Uma viga de madeira
Uma planta no chão
Uma veia no coração
Gosto de imaginar que voo
Enquanto durmo
Mas sem cair
Espero a passagem das nuvens
Pela janela quebrada
E finjo muito
Finjo o tempo todo
Finjo sentir
O vento na nuca
Sem prender o cabelo
Nem sair de uma estrela distante do chão.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Mosca

"Pequena mosca,
Com minha mão
Bruta, cortei
Teu jogo vão.

Não serei, mosca
Um igual teu?
Ou não és tu
Homem, como eu?

Pois amo a dança,
Canções, bebida
Até que a mão cega
Me corte a vida." - William Blake
"Respirou fundo,
Pensou na vida
'Ai meu pai...'
'To com saudade da minha cama'"

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Você pode não acreditar, mas ele se chama Marrone.

"Não sei porque minha mente produz sonhos malucos à noite. O mundo real já é esquisito o suficiente." - Calvin and Hobbes

Adeus, primeiro amor.

Por esse instante decidi me perder propositalmente no tempo e no espaço e esquecer que agora ainda é agora. Imagino, neste lapso de memória que agora é ontem, ou que agora é amanhã. Mas mais ainda que aqui é outro lugar. Outro mais bonito e vivo. Menos monótono ou previsível. Menos óbvio.
Com um acento cromático em verde ou azul, se é que isso é possível. Não sou muito de cores, de qualquer modo. Mas ainda assim é possível abrir os olhos para a tela do cinema e observar a imagem bonita e bem trabalhada, com uma luz perfeita na composição. Um brilho nos lábios ou no corpo desnudo. Uma frequencia cardiaca fluida e descompromissada. Parece que se tem a liberdade de perder oxigênio nesse enigmático instante longe de tudo.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Ela olhava para Francisco como se fosse eterno. O tempo não era calculável enquanto recaia sobre suas órbitas o olhar santo. A face magra e relaxada transparecia sua infinitude. Francisco também era homem, como todos os outros de sua espécie. Ela também. Sem o mínimo de malícia ou ganância. Ainda era homem. Humano, apesar de ser imagem colorida no painel da construção de concreto armado, era a representação mais pura do que havia de belo no mundo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

domingo, 1 de janeiro de 2012

É sim. Primeiro de janeiro de dois mil e doze. Escrevo por extenso todos os algarismos numéricos, para que meu cérebro comece a se acostumar com a ideia do novo em tempo integral. Além da morte, essa é a única certeza dos homens: o novo. Cada segundo é um segundo a mais, e o segundo passado a diante, nunca mais será o mesmo segundo posterior. De dia em dia chegamos em mais um ano novo, dentro do mesmo milênio e da mesma década, mas com um toque duplo nessa história toda.
Espero muito do que chega. E espero sempre. "A esperança é a última que morre", já diz o famigerado dito popular. Naqueles segundos entre trinta e um de dezembro e primeiro de janeiro, é só isso que existe, pelo menos nessa parcela ocidental de mundo. Esperança. Esperança de coisa boa. Pra si ou pro mundo, que seja. No final das contas, é uma boa vibração. Sempre esperamos que o mundo nos traga mais vida, mais felicidade, realizações, essas coisas de reveillon. Ou mesmo qualquer outra coisa. Vivemos esperando o melhor, ou o pior, em alguns casos mais pessimistas. Esperamos que as coisas se acertem por si mesmas, sem tanta interferência de nós mesmos.
Na verdade, agora, não espero muita coisa. Só o novo. Essa certeza clássica, espero a mudança continua, interna e externa. Afinal é assim que se fazem as coisas.
E acho que nada melhor para iniciar o processo de renovação do que uma boa mudança de ares no primeiro dia do ano. E nada seria tão estimulante (ou tão esperançoso) como Minas Gerais. Primeiro passo em terras mineiras é hoje. O resto, só esperando pra ver.