terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pensando bem, perder é algo tão natural.
Dinheiro, amor, gás carbônico, chave, tampa de caneta, jogo, cabelo, fome, anos. E por aí a vista.
Perder não é novo, não é estranho, perder já começa no início, perdemos um abrigo fácil e seguro, mais conhecido como útero, extremamente confortável e trocamos por um mundo: frio, sem cordão umbilical, com pressão, atmosfera e gente feia (das quais, nesse estágio de vida, você ainda não sabe, mas se encaixa muito bem na categoria). Mas, se vista de outro ângulo, é uma troca justa. Perde-se o conforto e se ganha um mundo inteiro, grande, com milhares de formas para se explorar. Nada parece tão bom quanto pode ser. Por mais que depois de abandonar seu antigo abrigo a vida tenha ido de mal a pior, não é culpa dela que você a tenha feito uma merda chatice.
Acontece, que no meio disso tudo, aparece Platão e sua lenda da caverna. As correntes da ignorância que aprisionam o homem a enxergar apenas a silhueta vaga do que as coisas realmente são. É também uma troca justa, libertar-se das correntes, do cômodo, confortável, fácil e falso, e receber a liberdade para observar o mundo como ele realmente é. Por que então o medo do que pode surgir grita mais alto?
Acho que são os sonhos que me fazem perceber quando eu gosto de uma pessoa. Não digo a paixão, mas o simples fato de gostar. É um sinal bem claro de que a importância do ser em questão não se atem somente ao real, mas já passou pra lá do meu inconsciente. Veja bem, quando a imagem aparece, mesmo que o nível de atividade cerebral seja mínimo, então é porque ele fez por merecer.
Chegou, plantou-se na minha cabeça, se apossou do meu espaço interno e deu um jeito, sem ser exatamente notado, de ser importante a ponto, de participar da minha vida até quando estou dormindo!
Não é somente um "eu sonhei com você". Tem uma coisa secreta, muito pouco percebida e raramente desvendada. Por detrás da frase simples e cotidiana, existe um "você faz parte dos meus pensamentos". Talvez seja a força da convivência, mas fazer parte dos pensamentos de alguém não é apenas uma projeção do dia-a-dia.

E depois perguntam porque eu gosto tanto de dormir!