quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Há tanto o que dizer mas nada se diz, ou talvez nada tenha para se dizer mesmo. E a cabeça e que não anda funcionando devidamente em seus horários incertos.
É um ato um tanto quanto estranho o de pensar na morte como parte. Não como um fim, muito menos um começo. Não também como um símbolo, mas como um substantivo feminino abstrato, com razões concretas os tão abstratas quanto o próprio substantivo.
Louvamos a morte e a adoramos. E desejamos a morte. Não como substantivo abstrato, mas como verbo intransitivo e irregular, no infinitivo, onde a definição gramatical dispensa explicações do seu significado: morrer.
Porque desejamos a vida.
Que seja estranho e mórbido a fala da morte e do seu ato. Ainda assim sua presença é constante. No fundo somos apenas nós, ocidentais racionais e tão intransitivos quanto o verbo que encaramos a morte de forma prorrogativa e distante. Como imortais num Olimpo. Inalcançaveis, inatingíveis. Tão suscetíveis.
Não pelo cliché, de um texto sobre a morte no Dia de Finados, mas pela expressão da morbidez aguda da tarde cinza da quarta-feira de Cinzas, é que escrevo.
É tão complexo o sentimento de perder. De ser efêmero. De ser mortal e de perder os outros. E ter uma dor insuportável no peito.