terça-feira, 21 de agosto de 2012


"Sobre o oceano

Sobre o oceano, balançam as pernas
Riem da infelicidade, recebem-na com
Carinho, aguardam uma mudança

As águas calmas, mas profundas
Dançam sob seus pés, enquanto
Acenam aos barcos que distante vão

As estacas compridas sequer sustentam
O vento salgado e úmido que acerta
Lava suas feridas, refresca-lhes a alma

Buscam, dali de cima, um destino
Um rumo, um caminho que lhes leve
A um lugar um pouco melhor

Creem em si e no mar, em nada mais
Desafiam a morte e a vida, pois
Não creem em infelicidade maior

Fecham os olhos, gritam palavras
Fazem as dores serem levadas pelo ar
Sobre o oceano, balançam as pernas" - Guilherme C. Dias
Sobre o primeiro desejo, a primeira luz do dia, a coisa mais bela, azul e amarelo fundidos com nuances de branco puro, deixo agora a carta de despedida de meus prazeres. Confesso minhas angústias trancadas e a incapacidade criativa, limitada pela condilção de tristeza e amargura, tão incomuns em outros tempo, tão presentes no exato momento. Prezado seja o amor e as conexões da alma, prezada seja a falta que cala as lágrimas impuras de pura dor constante.
A singeleza do som do bandolim na música, não causa comoção real. É apenas trilha sonora dos apertos no peito e da falta de uma questão primordial que dê propósito.
Não se completam mais os corpos, nem os braços, só a água quente é conforto propício e posssivelmente palpável, para quem se esqueceu ou nunca soube o que fazer da existência.
Não, não há culpados. Nada além de sentimentos extremamente dramatizados, emocionalmente incapazes de se conterem dentro de si,
Não há nada nas mãos, quanto mais dentro do peito frio, que contraria as leis biológicas até então confirmadas. Não há capacidade de manter temperatura constante do corpo e de aquecer internamente o frio que emana de dentro pra fora.
Não há nada entre os pulmões. Nada inteiro entre os pulmões. Os próprios pulmões começam a se esvair no ar rarefeito.
Quero me desmanchar no ar.