sábado, 4 de junho de 2011





Preciso do que me admite. Do que me sustenta e guarda.
Desejo apenas um concerto do mundo e uma volta de estrada.
Desejo a amargura finda e o calor renovado.
Respiração e a rima certa. "Areia pra passar .."
E se o tempo parasse? E se tudo acabasse? E se um fim tive (finalmente) a trajetória desses anos? Não seria mais bonito que se acabasse enquanto é belo e eterno, do que se só restassem as cinzas de um fim morte mal-acabada? É a voz da estafa que me grita.
Espero o tempo que passa, e não sinto mais os pés sobre a água corrente.
Já nem mais o cheiro, o gosto, nem nada.
O toque é sem prumo, sem pompa, sem razão.
A pele é gasta, como as paredes das ruas maltratadas. Sem oxigênio, sem atmosfera, longe.
Momento eterno das lembranças que não tive, da saudade sem destino e só.
Assim como veio, passa. É um destino transitório essa verdade momentânea da falta do que nunca se teve.

Soneto -

Ponho-me nos teus lúcidos braços ,
Nos teus olhos estranhos me inebrio.
Faz ficar atrás da vida de passos
Do instante tamanho e sombrio.

No presente passado da penúria
Não se possuir o que do teu é necessário.
No intento extremo, fúria,
Um instante de aurora atrasado.

Já eras tanto antes de ser eterno
Já eras plácido antes de ser belo
Já não sabia aquilo que se fazia

E no infundado mundo moderno
Se ajustava, desmanchava o elo
Nas águas de amor subia.