quarta-feira, 17 de julho de 2013

"(...) no pecador já se acha contido, hoje, agora mesmo, o futuro Buda. Tu deves respeitar na pessoa desse pecador, na tua própria pessoa, na de qualquer homem, o Buda em Botão, o Buda possível, o Buda oculto. O mundo, amigo Govinda, não é imperfeito e não se encaminha lentamente à perfeição. Não! A cada instante é perfeito. Todo e qualquer pecado já traz em si a graça. Em todas as criancinhas já existe o ancião. Nos lactantes já se esconde a morte, como em todos os moribundos há vida eterna. A homem algum é dado perceber até que ponto o seu próximo já avançou na senda que lhe coube." Sidarta, Hermann Hesse.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

É difícil voltar a escrever


Amor tem razão.  Desenvolvemos um sentimento afetivo de carência e seretonina, perfeito pra ganhar e dar confete. Depois de algum tempo vivendo você percebe que não é falsidade ou hipocrisia. Amor é primeiramente real. Em seguida, é necessário. Para suprir desejos hormonais e o espaço que o seu corpo forma na cama? A curva do seu pescoço que anseia por ser preenchida no laço de um abraço? A saudade e a nostalgia, a solidão e todas as outras desculpas? Também. 
O meu problema é que eu sinto. Se não sentisse, toda a vida seria mais fácil. A eternidade seria paz. O silêncio, saudade e meu coração, ainda um músculo.
O nosso problema e que nos culpamos os órgãos errados. Melhor, o nosso problema é que nós culpamos. 

domingo, 7 de abril de 2013

Quando os teus olhos cansados
Encontram o chão de azulejos brancos
Na carteira fria,
Quando teus sorrisos se escondem
Por trás da máscara de antipatia,
Por trás da máscara de mistério que te rege,
Quando a sua mocidade perde o viço
Quando suas pernas dobram e só pensa no melancólico violão de um certo Francisco,
Meus braços se abrem
E mentalmente te afago,
Mentalmente te chamo:
Vem cá, larga essa marra.
Abre o teu peito
Que eu prometo que te curo amanhã.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Coleção de poemas suicidas #1

Pensei em andar para cá
Pensei em votar para lá
Pensei em ampliar a exumação desse cadáver
Pensei em chamar o pensamento
De estúpido
O anjo de mau
Pensei em arrancar as unhas
E sangrar pelas mãos

domingo, 20 de janeiro de 2013

Pela grande janela de vidro entra a luz crepuscular. O sono persiste como pano de fundo para os acontecimentos internos. Como se tivesse 93 anos e tomasse consciência de que a morte se apoderava das carnes que habitava, uma singela e solitária lágrima escorreu pelo canto direito do rosto, diretamente para o travesseiro. Uma lágrima nostálgica pelo que se perdia.
Aquilo também era um tipo de morte. Um tipo de morte muito severa, muito passiva. Um tipo de morte a que não se pode sentir ódio, pois é feita parte vital de um ciclo humano. Um tipo de morte fruto de um descuido casual, cujos resultados não podem ser escolhidos ou negados.  Entende-la? Não, não se entende, mas se aceita, com condição passiva e resignada o que acontece nas entranhas de um corpo despreparado para vida e para a criação da mesma.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Prefiro assim.
Sem roupa, sem maquiagem,
Sem peso, de cabelo solto.
Nua, nua, nua, nua, nua, nua,
Em todas as instâncias do amor.

18/09/12 escrito no canto inferior direito de uma prova bimestral de física

O amor é um pedaço de terra, comprado a muito custo, num pouco desértico de mundo. Sem água, nem luz, nem nitrogênio, uma planta miúda nasceu.