sábado, 1 de setembro de 2012



O primeiro Degas, o primeiro Monet, o primeiro Renoir, o primeiro Van Gogh, o primeiro Cézanne, o primeiro Gauguin, o primeiro Lautrec, é coisa memorável. Respirar o mesmo ar refrigerado que as telas e as tintas, craqueladas ou não, dos amados estudados, é dar nova vida aos gênios das pinturas conservadas pelo amor do tempo e dos curadores de exposições. Olhar Gabrielle e Jane de traços suaves e pele iluminada, a brincar com seus bichos de madeira, chega ao ponto do espanto de descobrir a existência dos mesmos, pela primeira vez. As bailarinas azuis nos bastidores, numa semi-dança clássica, muito além da termosfera.  As ninfeias.  Sim, as ninfeias. As ninfeias matizadas sob a pequena ponte arroxeada do jardim de Giverny. As ninfeias feito ninfas. Nos sonhos materializados em misturas de cores na tela, intensa represetação dos reflexos da luz, e uma impressão do nascer do sol.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Três. Sentados junto a calçada crua de cimento e cal. Olhares fixos em caixas extremamente longes dali. Coisas internas mais que extremas.
Focar-se no ponto azul longínquo, no meio do infinito azul, mão significa necessariamente que se esteja olhando qualquer coisa.
Nenuma pele toca outra, nenhum olhar ousa desviar-se de seu ponto fixo, mas, talvez pelo calor emanado pelos corpos, era como se estivessem ligados, cobertos pelo mesmo perfume insípido feito do que podia se chamar vida. Em conjunto. Ou mesmo não.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Quero dançar o som da melodia que sai da tua boca e dá à tua boca a essência definitiva da coisa mais bela. E rodar em movimento de saia ampla, feito o infinito, nos quadris. Perder as unhas na pele, cravadas pouco a pouco a suplicar o santo nome. E os pés, que se afastam progressivamente do chão, trilham a trajetória da dança lenta, fluida, magnética, de globos oculares castanhos de passagem pelo mundo. Rodando, rodando, rodando, em um movimento kamikase que busca luz nos princípios mais estranhos. Na escuridão das faces cansadas da procura ininterrupta pela única verdade contida nos corpos terrenos: teu sangue sobre-humano, que conta aos anjos os segredos do céu. E conta a mim os segredos de dentro do homem, de dentro de ti, homem-humano-sobre-anjo. A luz que busca outra luz corrente, em outra face recorrente, em outro ser acorrentado. A luz que emana por princípio interno, é antes tocada, ativada, pela luz do outro. E dessa forma se faz corpo-celeste. E fonte de calor. Da noite escura do sorriso de lua crescente.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"I go crazy cause here isn't where I wanna be
And satisfaction feels like a distant memory
And I can't help myself,
(...)
Well, are you mine?" - Artic Monkeys - R U Mine?