segunda-feira, 30 de abril de 2012

Me apego aos olhos. Eles me marcam. Se os olhos são bonitos, muito prazer, meu nome é Isabel.
"Prefiro descobrir aos poucos, pensei. Saborear o mistério. Na quadra seguinte, ela atravessou a rua e sumiu no meio da gente miúda que andava pelo centro. Colorida em meio ao cinzento que predominava ao redor. Olhei para o rosto do porta-retrato: tinha uma luz particular, só dela, e um ar de quem poderia ser o que quisesse na vida.
[...]
Estou relendo o trecho em que o professor Schianberg se ocupa da separação dos amantes. As transitórias e irremediáveis. Ele menciona um maluco norueguês que afundou um navio como oferenda pela volta da amada. O problema é que o navio não era dele, e deu cadeia. Eu afundaria todos os navios nesta noite, Lavínia. Incendiaria o porto. Só para ver o brilho das chamas refletidos nos seus olhos escuros." - Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios - Marçal Aquino
Meu coração nu, palpita
Alegre/triste/melancólicamente
Em direção ao vento sul
Das tuas garras destemidas.
Meu coração é pulso calmante
De vida eterna
Sem morte e sem dor.
Sem paz, calor.
De dentro, pulsante
Distante. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

AQUI JAZ UMA INTENSA AGONIA ARISTOTELIANA
Nasceu com o coração aberto,
Escancarado, de peritônio exposto
Para que o mundo visse
Sua face real.
Nasceu sem derme
Que o revestisse,
Pronto para que o mundo
O acertasse em cheio
No alvo principal,
No alvo único.
Nasceu sem medo.
O mundo o matou
Em seu primeiro fólego
Com a pesada mão
Da agonia de ser mundo.
Pois era demais corajoso
E demais verdadeiro
E demais espírito
Para que pudesse existir.