domingo, 9 de outubro de 2011

As vezes a dor é feita para não se perceber. Para entrar sorrateiramente pelos vincos unidos na blusa. Essa coisa estranha, essa sensação aguda no peito, esse aperto que mata. Feita para chegar calmamente e se apossar dos dispostos e indispostos a ela, sem que se tenha o poder de decisão.
A dor que chega numa música lenta, num teatro sem falas, ou do silêncio do caos. Essa pontada-sem-nome-nem-lugar-nem-razão. É uma espécie de sensação que se sente com o mundo, não tem motivo real, não é a angustia da existência, não é premeditada também. É só uma tristeza digna de dias chuvosos. Sem dono, sem-razões. Feita de qualquer produto não industrializado, urbanizado, enlatado, comercializado, capitalizado, desfrutado ou amado. Feita talvez das nuvens responsáveis pela chuva clara e cortante. Feita pelo mundo onde habita frustrada, como tristeza deve ser.
Pensamentos novos, novas ideias, realizações, é a maior necessídade. O mundo está muito comum e o tempo, criação estúpida, passa tão rápido, parecendo fazer com que nada valha a pena. E mais, tudo que se faça em oposição a isso parace não fazer sentido, ser inutilidade e digno de descrédito. "O mundo está ao contrário e ninguém reparou"

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

RECADOS DE MARTE

Transmisão nº13:
Quero ser Clarice Lispector. Ser a sua palavra e o seu conceito, ser o seu lábio inferior carnudo e o seu olho amendoádo.
Nunca me cabe a possibilidade de escolha, só a de conformação com o que resta de algo que não está em meu controle. Quero poder dicidir sobre meu futuro e destino, quero ter a possibilidade de realizar todas as reais vontades de meu coração que chama, clama, exige para continuar batendo a libertação de sua existência.  Quero ter minha própria vida em minha mãos, sem a interferência alheia. Desta vez será a minha vontade que prevalecerá, não é possível que seja assim pra sempre. Tão passível, tão controlável, maleável, tão comum.
"You've been running and hiding much too long. You know it's just your foolish pride" - Eric Clapton

terça-feira, 4 de outubro de 2011

(Imortal)

Queria estourar meus tímpanos, ou estourar o próprio mundo e flutuar no espaço, sem gravidade, nem som, nem vida. Só esse vazio tão conhecido pelo meu peito, talvez preenchido de paz de um nada qualquer, rangando tempo, corpo, e alma.
Me pego pensando sem querer em você, e nem percebo minha ilusão momentânea. As vezes devanear faz bem.