quarta-feira, 27 de julho de 2011

Filosofando sobre tampinhas

Não sou muito apegada ao passado, mas acho que, inconscientemente, arranjei um modo de me apegar as pequenas lembranças. Coleciono coisas. Papéis de carta, chaveiros, ingressos de cinema, e a mais nova aquisição, tampinhas de garrafa. Recentemente, percebi que coleciono memórias. É engraçado demorar tanto para perceber uma coisa tão óbvia, não? Mais do que ingressos de cinema, papéis de carta e até tampinhas de garrafa, coleciono memórias. Talvez o esquecimento não muito óbvio das datas, dos números exatos, dos compromissos, dos nomes, tenha confundido essa percepção, mas o fato é, que as palavras, as letras, os gestos, os cenários, não se misturam no bolo de massa cerebral com todo o resto. São colecionados como as tampinhas. Separando as raras das ordinárias. Particularmente, acho que meu gosto por memórias tem uma pré-disposição a querer as memórias raras. Não porque são boas (na verdade uma considerável parte não é), mas são diferentes, têm suas particularidades únicas, elas nunca se repetem. Na verdade, penso que todas as memórias são raras, nada acontece da mesma maneira duas vezes. Ou, em suas particularidades, as memórias raras sejam as plenamente felizes. As que fazem sorrisos brotarem na face só de re-imaginar. Ou as de dor tão impossíveis, que não se podem ser esquecidas. Não são tão fáceis de conseguir como parece. São como tampinhas sem rótulo impresso. Quase impossíveis de achar hoje em dia. Mas a grande parte delas, boas ou ruins, não somem, não são simplesmente esquecidas. Elas permanecem perenes, por grandes períodos de tempo, depois, vão se separando aos poucos, ficam só as marcantes. Não que eu não as esqueça, também não faço questão de tampinhas incrivelmente destroçadas, enterradas ou cimentadas. As vezes as muito velhas, enferrujadas ou diferente de algum modo, são agradáveis de ter. De fato, tapinhas são como memórias: intrigantes e estão em todos os lugares. Só precisam ser observadas com um olhar diferente, para que tenham valor.


"Um homem nunca entra no mesmo rio duas vezes" - Heráclito

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Deixe-me cair, deixe-me cair nas nuvens.
Deixe-me ultrapassar o universo até o fim.
Até a ponta de luz que procuro.

Deixe-me acalentada nesta solidão.
Deixe-me estupefaça.
Deixe-me dizer que é só.

Deixe-me mentir no meu âmbito de estrela.
Deixe-me crescer com folhas verdes.
Deixe-me nessa escuridão.

Deixe-me sem peso ou morte.
Deixe-me desejar sorte.
Deixe-me sem rancor

Para que possa esquecer tua existência
Então dela relembrar
Correr atrás de ti

E perceber em minhas calúnias entorpecidas
Que nunca foste embora
E eu, por ventura, nunca te esqueci.

sábado, 23 de julho de 2011

Esperar a hora certa para o próximo passo? Não sei, não faço a mínima ideia. Parece que nunca sei o que fazer, o que vai acontecer. As vezes, nada parece fazer sentido, num turbilhão de sensações novas.
É tão estranho quanto poderia ser. O que deveria ser tão simples, se torna extremamente complicado, uma missão que exige extrema habilidade com as palavras e os gestos. Nada é tão desprovido de complicações quanto deveria. Nada possui hora certo, tudo é diferente.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cansei do politicamente correto. Cansei das regras de etiqueta. Cansei do esquema social. Cansei do sistema. Cansei. É isso. Cansei
Coisa estranha. Não é incrivelmente esquisito, quando aquilo que você mais queria, que sempre desejou, se torna realidade? Só eu que não faço ideia do que fazer nessas horas? Sério?
Saudade. Silêncio. Solidão. Três "s" com sentido único juntos. Três fantásticas ilusões momentâneas, combinadas, abrindo um vácuo de semi-paz dentro de mim. Não é um sentimento propriamente dito, na minha visão parcial de mundo. É mais um estado de espírito. Solidão não dói. As vezes incomoda, mas não é tanto de se machucar. Saudade é um aperto no peito tão interminável. Saudade doí. Silêncio, completa tudo. Dá um certo tom de magnitude. Um tom de nobre relevância. Não me importa muito o que pense o mundo, sobre os meus três "s". Eles são reais, não são tristes, nem felizes, só existem. Como eu.
Sempre tem aquele tal ponto de luz não é? Então me diga onde achá-lo.